UMA FESTA NO PORTO, NO ESTILO LITERÁRIO DE F. SCOTT FITZGERALD*

Uma Festa feita de Encontros – Elegância e Glamour na Noite do Porto

Estava uma belíssima noite de verão na burguesa cidade do Porto. O início do século XX anunciava o alvoroço da modernidade, trazendo consigo ecos longínquos dos loucos anos 20 que se viviam do outro lado do Atlântico. Era o tempo dos excessos e excentricidades da época do pós-guerra.

O magnífico Palácio da Bolsa, na zona ribeirinha da cidade, preparava-se para receber a nata da nata da sociedade portuense. À semelhança de outras ali decorridas, esperava-se uma festa grandiosa, com gente elegante a exibir não só os seus melhores fatos e vestidos, mas também os seus mais rasgados sorrisos. A festa, organizada pelo enigmático Conde de Amarante, prometia ser o evento do ano. O ouro detalhado e opulento do extraordinário Salão Árabe reluzia mais ainda naquele serão, onde o fado ecoava por todo o Palácio como um lamento dramático e apaixonado.

O Conde de Amarante era conhecido pela sua imensa riqueza e pelo seu charme desmedido. Sempre fora aquilo que se chama de um bon vivant (roubando à língua francesa uma expressão que abarca tanto), alguém que vive intensamente a vida em toda a sua plenitude. Mas nos últimos anos, algo começara a mudar para Álvaro, o nosso Conde. Atrás de seus olhos profundos e misteriosos, escondiam-se dilemas que o atormentavam. Apesar da sua posição elevada na sociedade, ele buscava algo mais profundo na vida, algo que o dinheiro e a influência não podiam comprar. Procurava um sentido para a existência para além da superficialidade de todo aquele emaranhado de gente e relações que dominavam a sua nada pacata vida.

Acabada de chegar, Beatriz, herdeira de uma das famílias mais proeminentes no comércio do Vinho do Porto, era a joia da alta sociedade. Os seus olhos cintilantes competiam com o brilho luminoso das paredes ornamentadas do Salão. Os seus cabelos castanhos caíam em ondas suaves sobre os ombros. Irradiava elegância e graça, a acompanhar um rosto sereno e um olhar doce. Mas a verdade é que para além da tradição e das obrigações familiares de uma donzela na sua época, também Beatriz ansiava por uma vida que fosse mais do que apenas cumprir expectativas, longe do jugo paternal que lhe era imposto.

A família de Beatriz, respeitada e tradicional, estava no centro da indústria pujante do Vinho do Porto, com negócios seculares que se estendiam por gerações. As responsabilidades recaíam sobre os seus ombros, mas o seu espírito livre ansiava por explorar o mundo além das caves de vinho. De alguma forma, a festa daquela noite representava uma oportunidade de escapar das amarras da tradição e mergulhar numa outra realidade mais arrebatada por paixões e desejos, que ela mal ousava admitir para si mesma.

Enquanto observava os convidados da festa, o Conde de Amarante não pode deixar de notar a presença de Beatriz – a sua figura deslumbrante não deixava ninguém indiferente… Eram velhos conhecidos, já se haviam cruzado noutras festas e receções. Ele captara no seu olhar uma sede de algo mais, sentira ali uma empatia codificada e ansiava por conhecê-la mais profundamente.

Quem também não havia passado despercebido ao olhar atento de Álvaro foi James, um negociante inglês estabelecido na cidade. Não lhe passou ao lado a faísca nos olhos de James quando este olhou para Beatriz.

James Smith, um homem de negócios também ele ligado ao Vinho do Porto, era um homem de presença notável. Os seus olhos azuis, penetrantes como o oceano, já mal escondiam um segredo antigo: uma paixão sincera por Beatriz, desde que a vira ao lado do seu pai, um respeitável cavalheiro com quem mantinha negócios. Com um sorriso cativante e maneiras refinadas, ele caminhava pelo salão com uma aura de confiança. Mas atrás desta aparência, James carregava a ansiedade de um amor não correspondido e uma determinação silenciosa para conquistar o coração de Beatriz. Os seus olhos procuravam sempre um vislumbre dela na multidão, ansiosos por um encontro que poderia mudar o curso das suas vidas.

Sem hesitar, foi ao seu encontro e dirigiu-lhe um rasgado elogio. "- Beatriz, minha querida, todas estas paredes reluzem de ouro, mas nada brilha mais do que a senhorita, esta noite", disse James com um sorriso cordial e um olhar carregado de emoção.

Álvaro, ao longe, notando a troca entre Beatriz e James, decidiu aproximar-se e dar um ar da sua graça. Com a sua compostura aristocrática, cumprimenta os seus convidados e dirige a Beatriz o mais pomposo galanteio "- Beatriz, minha musa, cada vez que olho para si, vejo o retrato da mais genuína beleza e elegância."

Álvaro sugere que levantem os seus copos, num brinde à vida e à procura da autenticidade, num tempo por vezes demasiado submetido a imperativos excessivamente superficiais.

O Conde de Amarante era um solteiro inveterado, nunca mulher nenhuma o havia conquistado tempo suficiente para aprofundar uma relação. O que procuraria ele em Beatriz? Uma amiga como nunca teve? E seria James uma ameaça ou um aliado na sua busca por algo mais profundo e genuíno?

Beatriz, antecipando um ligeiro desconforto ou embaraço entre os dois, sorriu de maneira enigmática. "- James, Álvaro, esta noite é como uma dança, cheia de promessas e mistérios. Por trás da cortina de cordialidade, quem sabe o que o destino reserva?"

Os três sorriram, com um sorriso que pareceu sincero e que deixava adivinhar, quem sabe, o início de uma amizade diferente num mundo que começava a mudar. Sorrateiramente, os três desceram até ao Pátio das Nações, onde centenas de velas iluminavam o magnífico mosaico cerâmico do pavimento, dando a este espaço central do Palácio um ambiente envolvente de mistério e recolhimento. Entretanto, no Salão Árabe, o fado já havia dado lugar ao jazz, às valsas e a outros ritmos mais dançáveis, que afinal a noite era de festa. Mas Beatriz, Álvaro e James ali permaneceram por algum tempo, e a luz nos olhos de cada um ia crescendo. Algo ali acontecia e todos sentiram cumplicidade.

Nessa noite, as palavras não ditas pesaram mais do que as pronunciadas. Era uma noite de reflexões e descobertas, em que a alta sociedade portuense escondia os seus segredos por trás de máscaras de elegância e cortesia, enquanto a música continuava a ecoar ao fundo, tecendo o enredo de paixões leves e mundanas.


*Numa colaboração entre IA e a pena humana, este texto foi escrito no estilo recriado de F. Scott Fitzgerald, o renomado autor norte-americano, famoso por obras que capturaram o espírito extravagante e efervescente dos Loucos Anos 20 do século XX. Aqui, procurámos trazer a elegância, o glamour e a introspeção de Fitzgerald para um evento no Palácio da Bolsa, transportando os leitores para uma noite de festa e encontros na cidade do Porto.