O Clima do Porto: do Sol às Brumas do Douro pelo olhar de Siza Vieira*

O Porto é uma cidade que respira e vive o seu clima. O sol, a chuva e as brumas do Douro conferem à cidade uma poesia climática que enriquece e desafia a prática arquitetónica. Cresci e vivi neste ambiente, e ao longo dos anos, este clima particular moldou a minha obra e a minha compreensão da arquitetura como uma arte profundamente enraizada na natureza.

No verão, o Porto é inundado por uma luz vibrante que se reflete nas fachadas de azulejos, criando uma paleta de cores deslumbrantes. Os invernos trazem chuva permanente, uma luz difusa e uma neblina que envolve toda a cidade. A humidade é uma presença constante, exigindo soluções arquitetónicas que protejam e acolham. A névoa do Douro, em particular, cria uma sensação de mistério e introspeção, desafiando-nos a desenhar espaços que ofereçam conforto e refúgio.

Dito isto, a luz portuense é uma das minhas maiores fontes de inspiração. A interação entre luz e sombra é fundamental para dar vida aos espaços, transformando-os ao longo do dia e das estações. No Museu de Serralves, a luz entra de forma controlada, desenhando linhas e formas que complementam a simplicidade das superfícies brancas.

A Piscina das Marés, integrada na paisagem rochosa e no oceano Atlântico, representa a minha visão de uma arquitetura que dialoga harmoniosamente com o ambiente natural. Os materiais que escolho, como a pedra e a madeira, envelhecem com graciosidade, criando uma conexão duradoura entre o arquitetura e o seu entorno.

Por outro lado, a chuva exige uma arquitetura de abrigo. Beirais pronunciados, varandas cobertas e passagens protegidas são elementos recorrentes no meu trabalho. Permitem uma transição suave entre o interior e o exterior, oferecendo proteção sem isolar completamente os edifícios do ambiente. Na Escola de Arquitetura da Universidade do Porto, as áreas de circulação são projetadas para serem utilizadas mesmo nos dias mais chuvosos, mantendo a conexão com o ambiente natural.

Para mim, cada edifício deve ser uma resposta sensível ao ambiente, uma celebração da interação entre o natural e o construído. É essa interação dinâmica e constante que busco capturar e refletir em cada projeto, criando espaços que são ao mesmo tempo um abrigo e uma celebração do clima da Invicta.

*Este texto, fruto da colaboração entre a inteligência artificial e o pensamento humano, visa capturar a complexidade da identidade do Porto e a visão de Álvaro Siza Vieira. Uma reflexão sobre a interação entre o clima portuense e a arquitetura, mergulhando nas nuances da identidade cultural e estética que moldam cada rua e cada edifício.